Após o período foi realizada a manipulação e aplicação do Agregado Trióxido Mineral (MTA - Angelus®, Londrina, Paraná, Brasil) (Imagem G), obturação total do conduto com MTA, radiografia periapical (Imagem H), remoção dos excessos e finalização com ionômero de vidro (Imagem I).
Uma semana depois foi verificada a existência de mobilidade no elemento, mantendo-se assim a contenção. Foi executada a restauração final com resina composta.
O prognóstico para o caso é duvidoso devido à distância dos fragmentos. Segundo os relatos de Holland et al. (2002) espera-se a formação de tecido fibroso na região fraturada e manutenção da estabilidade do elemento, devido às boas propriedades seladoras e biológicas do MTA e considerando que ele estimula a neo-formação de tecido duro na região exposta. Torabinejad e Chivianna (1999) relatam a formação de cemento sobre o MTA e regeneração dos tecidos peri-radiculares com conformação semelhante à normal.
REVISÃO DE BIBLIOGRAFIA
Segundo Lopes e Siqueira (1999) a obturação do sistema de canais radiculares tem como objetivo selar toda a extensão da cavidade endodôntica de forma tridimensional. O material obturador deve ser inerte ou anti-séptico que não interfira e de preferência estimule o processo de reparo apical e periapical. Para Leonardo e Leal esse deve ocorrer após a conclusão do tratamento endodôntico radical.
Segundo Torabinejad e Chivian (1999) as principais vantagens observadas do uso do MTA (Agregado Trióxido Mineral) como alternativa de material obturador é seu menor grau de resposta inflamatória, formação de cemento sobre o MTA e regeneração dos tecidos periradiculares com conformação semelhante à normal.
O MTA é um pó constituído de silicato tricálcico, aluminato tricálcico, óxido tricálcico, óxido de silicato, óxido de bismuto e ainda pequenas quantidades de outros óxidos que modificam propriedades químicas e físicas. O mecanismo de ação do MTA é similar ao hidróxido de cálcio. O óxido de cálcio, um dos constituintes do MTA, ao realizar-se a preparação da pasta com água, seria convertido em hidróxido de cálcio. Este por sua vez, em contato com os fluidos tissulares, se dissociaria em íons cálcio e hidroxila. Na seqüência, haveria a formação de uma ponte de tecido duro. O pó de MTA é constituído ainda por finas partículas hidrofílicas, que favorecem o uso na presença de umidade (Schwartz e Colaboradores - 1999).
Comparando os efeitos antimicrobianos da pasta de hidróxido de cálcio e o MTA, foi verificado que a pasta de hidróxido de cálcio foi superior. No entanto, Torabinejad e Colaboradores (1999) relataram que o MTA apresenta propriedades antimicrobianas para 5 das 9 bactérias facultativas mais encontradas em canais radiculares infectados, mas não tem efeito sobre bactérias estritamente anaeróbias. Schwartz e Colaboradores (1999) descrevem que a ação antimicrobiana do material pode estar relacionada ao pH de 12,5, observado após a colocação do MTA, que é semelhante ao do hidróxido de cálcio.
Ainda de acordo com Schwartz e Colaboradores, a deposição de cemento sobre o MTA e o estabelecimento de um ligamento periodontal são preferíveis á formação de tecido fibroso que acontece com outros materiais. O cemento pode formar um selamento biológico que é semelhante ao de uma superfície de raiz normal.
Segundo Holland e Colaboradores (2002), após a sua presa, o MTA passa a conter óxido de cálcio, que reagindo com os fluidos teciduais origina o hidróxido de cálcio. Assim, o seu possível mecanismo de ação pode ser semelhante ao produzido pelo hidróxido de cálcio, estimulando a deposição de tecido duro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LOPES, H. P.; SIQUEIRA Jr., J. F.Endodontia: Biologia e Técnica. Rio de Janeiro:Medsi, 650p., 1999.
LEONARDO, M. R.Endodontia: Tratamento de Canais Radiculares - Princípios e Técnicas biológicas.Volume 1.Artes Médicas, São Paulo, 2005.
TORABINEJAD, M.; CHIVIAN, N. Clinicalapplicationsof mineral trióxideaggregate. J. Endod., v. 25, n.3, p. 197-205, mar. 1999
SCHWARTZ, R. S.; MAUGER, M.; CLEMENT, D. J.; WALKER III, W. A. Trióxido Mineral Agregado: um novo material para endodontia. JADABrasil, v.2, p. 44-52, out. 1999
HOLLAND, Roberto. et al. Agregado de Trióxido Mineral (MTA): Composição, Mecanismo de Ação, Comportamento Biológico e Emprego Clínico. Odontológicas, Marília, ano 5, n.5, p. 7-21. 2002.
0 comentários:
Postar um comentário